sábado, 26 de julho de 2014


Tudo começou… nem sei bem como começou. Foi tudo tão rápido, como um solavanco inesperado que me entorpeceu, deixando-me meio atordoada, à deriva num lugar que desconhecia por completo. E que lugar esse… Nem consigo descrevê-lo. Parecia um lago enorme cheio de um misto de sentimentos, alguns nunca antes por mim sentidos, no qual eu flutuava e flutuava e do qual desejava nunca sair. A minha face parecia petrificada, não conseguia deixar de esboçar aquele sorriso enorme. Tudo fazia sentido e reinava a certeza de que tinha nascido para aquele momento. Sentia-me tão feliz, tão completa, tão realizada, nem dei valor ao medo de perder tudo aquilo, porque a sensação era boa demais para deixar de me concentrar nela. Num instante decidi que iria passar o resto da minha vida dedicada a valorizar aquele sentimento, a agradecer a oportunidade de me cruzar com o portador da chave do meu coração e da minha felicidade extrema, e com a capacidade de me tornar a pessoa mais feliz do mundo simplesmente com a sua presença.

No fundo eu sabia que depois daquela experiência, depois de conhecer a minha alma gémea, receber dela um sentido para o meu viver, partilhar momentos de puro amor e felicidade, como ondas cintilantes na direcção do corpo de um para o do outro, como que numa tentativa de fusão física (a intelectual já estava completa desde o primeiro olhar), depois de tudo isto e muito mais, eu reconhecia que se algum dia tudo acabasse, e eu perdesse O amor da minha vida, o único amor para mim, O verdadeiro, a minha vida ficaria completamente sem sentido. E uma coisa é certa, antes de tudo isto ela não tinha muito sentido não… e eu nem sabia bem o que queria, o que precisava para ser feliz, ou se algum dia sequer o conseguiria ser. É muito aborrecido não ter um sentido para a nossa vida, ou um motivo para nos erguermos do leito pela manhã, para esboçar um sorriso espontâneo. Vivi assim muito tempo, e a sensação não era nada agradável, mas fugia mais para o neutro do que para o desaprazível. No entanto, depois de finalmente alcançar o expoente máximo da felicidade, eu sabia que se um dia ficasse sem ti, eu nunca mais conseguiria sorrir (nem a fingir), a minha vida perderia todo o sentido, e desta vez já não adiantaria ter esperança de algum dia o alcançar, pois a única fonte verdadeira da minha felicidade e realização és tu. E sem ti não adiantaria emitir nem mais um único batimento cardíaco.

A minha vontade era dedicar-te cem por cento do meu tempo, e ainda agora é, e sem pensar largaria tudo para ficar a teu lado, pois só a teu lado posso ser feliz. Tu ensinaste-me que toda a gente merece ser feliz, convenceste-me que tenho valor, devolveste-me a esperança. Com o tempo habituei-me que não podemos estar juntos todo o tempo do mundo, embora fosse essa a minha vontade, envolver-me nos teus braços e encostar a minha cabeça no teu peito e nunca mais daí sair. Aprendi a encaixar-me nas tuas responsabilidades, e a encaixar-te nas minhas. O amor infelizmente ainda não paga contas, mas sem dúvida que dá brilho a todas as acções que o fazem. E mesmo sabendo que não posso ter-te a meu lado todos os segundos, estás sempre comigo, no meu coração, no meu pensamento, nos meus lábios.

Poucos foram os momentos menos bons, e muitos os obstáculos que juntos ultrapassámos. Afinal dizem que o amor move montanhas, e a verdade é que a teu lado eu sinto que nada e ninguém me pode derrubar! E sinto que sou capaz de tudo, embora isso não seja muito relevante, porque tudo o que eu quero eu já tenho: o teu amor.

Com uma vida inteira pela frente, és tudo o que preciso para ser feliz. Com todas as minhas forças prometo fazer tudo para te ver sorrir. Nunca conseguirei agradecer-te o suficiente por tudo o que fizeste por mim, mas morrerei a tentar.

Cara-metade, alma gémea, razão do meu viver, o nosso amor é eterno. E até a eternidade parece curta demais.

<3 

segunda-feira, 7 de julho de 2014




Meu herói, herói tem. De alguém herói serei?

Perspectiva



No fundo somos todos estranhos
Que nos cruzamos diariamente.
Pairando sobre terras e mares
Que com o tempo tomámos
Por conquistados, erradamente…

Tao poderosos nas nossas artimanhas,
Seres do fantástico,
Capacidades intermináveis.
A tão esperada evolução
Que nos tornou insaciáveis.

Mas para mim não é caminhar,
Não é estar mais à frente,
Não é olhar para quem esteve mais atrás.
É simplesmente estar num local diferente.

Passando a vida a renovar o que nos rodeia,
A mudar a perspectiva sobre o que possuímos,
A sentirmo-nos rapidamente ultrapassados.
Vivendo na ânsia de passar ao nível seguinte,
Onde sobra tempo para prezar o que já alcançámos?

Iludidos nos esquecemos
Que nada neste mundo nos pertence de verdade,
A não ser a oportunidade de estarmos aqui.
E poucos aproveitam para o apreciar.
E tudo o que querem é tocar, possuir, arruinar.

Merecem pena de facto,
Pois a única coisa que levamos desta vida
Não é o que possuímos nas mãos.
E sim o que dedicámos tempo a usufruir com gratidão.

Isso levaremos cravado na memória.
E nada mais devíamos exigir
Deste grandioso mundo,

Que nos acolheu com tanta paixão.

domingo, 6 de julho de 2014

Às vezes basta


Às vezes basta um brinde, basta uma música, um sorriso, uma conversa. Um momento dócil, um momento divertido. Um contacto com o mundo exterior, um toque de outro ser humano. Às vezes basta um dia no meio de tantos, uns minutos autênticos no meio da rotina que nos suga os dias como sanguessugas. Às vezes basta sair do pequeno cubo onde outrora nos trancámos. Apreciar a simplicidade das coisas que nos rodeiam, tantas vezes ignoradas.

Às vezes basta eu e tu. Isto e aquilo. Tão banal. Tão extraordinário.

Basta isso para nos lembrarmos que estamos vivos. Enquanto ainda seguramos a chave.


Pois muitos morrem sem nunca terem vivido.

Deriva


Trémula como horizonte num dia quente de verão,
Vazia como fóssil,
Incerta como navio à deriva,
Arrastada pela maré selvagem.
Poço de ingratidão e culpa,
Coberto pela manta de um sorriso.
Por vezes há quem espreite,
Mas nunca ninguém descobre.
Ninguém olha de verdade.

Como podem entender?
Se nem o que vemos entendemos,
O oculto fingimos compreender.
Explicações simplistas levam o medo,
Criam soluções fáceis,
Mas eu transcendo o mistério.
Igualmente indecifrável,
Porém desproporcional a dilucidações.

Vista de dentro não me entendo,
Como ousam olhos externos tentar fazê-lo?
A esperança não morre.
Não de uma explicação,
Não de uma solução,
Apenas de um trilho,

No meio deste nevoeiro de enigma.

APSB